(Esse post era pra ser ontem)
Faz uma semana hoje que cheguei. Às vezes parece que foi ontem, às vezes parece que faz um século e que o tempo não passa. Hoje estou especialmente com saudades. :(
Mas, vamos ao que interessa.
Fomos de trem pra Cracóvia, depois de muito desespero pra encontrar o vagão certo. A viagem foi demorada, mais ou menos 10 horas - apesar de serem apenas uns 600 e poucos quilômetros. Chegamos lá e estava MUITO frio. Fomos ao nosso albergue, que era muito bom e quentinho - nosso grupo de 4 brasileiros e 4 chineses ocupou um quarto inteiro. :)
Logo saímos do albergue e fomos visitar os ponto turísticos da cidade sob neve e agradáveis -12oC. Visitamos a praça central, algumas igrejas, a catedral principal, o mercado e, por fim, o castelo real - Wawel - que foi sede do governo até o anos de 1500 e pouco, quando Cracóvia era a capital. O castelo é imenso e visitamos algumas salas e salões.
Antes de voltar ao albergue, eu, o Luis (Lee - chinês) e a Elba (chinesa) fomos ao McDonalds. Graças a super habilidade do Lee de navegação, nós nos perdemos. Depois de algumas mímicas, encontramos o local. Comemos e voltamos ao albergue.
À noite, fomos numa boate - Kitsch. Como bom designer, eu deveria ter previsto como seria o recinto: alternativo, para não dizer brega. Fomos só os brasileiros e, VIPs que somos, entramos de graça (tá, chegamos lá em cima e não sabíamos que os ingressos eram vendidos embaixo, nos fizemos de turistas desentendidos e o segurança deixou a gente passar). O lugar era, pra quem conhece, muito parecido com o Macondo/Beco e tinha até um poste para dançar (pole dancing). Absolutamente todo mundo dançava da maneira mais ridícula do universo, agarrado naquele pau ou não e as músicas eram bem ecléticas, velhas e novas. Desde Celebration da Madonna até Shalala do Vengaboys e Boys da Sabrina. Deu pra se divertir.
Não voltamos muito tarde, pois queríamos acordar cedo no outro dia (-20 graus e eu de camisetinha e casaquinho caminhando na rua, delícia). Quando chegamos no albergue, encontramos uns portugueses e ficamos conversando um pouco.
Nosso segundo dia em Cracóvia começou cedo. Acordarmos 7h para irmos para a estação de ônibus e chegar à Auschwitz. Pra variar, estavamos congelando e não encontramos lugar para comprar tickets de trem. Então pensamos "Sábado de manhã, não vai ter fiscal." e entramos no trem sem ticket. Eis que, 5 minutos depois aparece um fiscal pedindo o nosso bilhete. Oi? Oh fuck. Descemos do trem, nós 8, e o guarda disse que teríamos que pagar 100 zl, CADA, de multa. Jura, né. A gente tentou trovar ao máximo dizendo que não sabíamos onde comprar tickets, que não eramos de lá, que estavamos indo embora e que eramos estudantes falidos. Conseguimos reduzir a multa para 50 zl, cada. Pelo menos não fomos presos nem deportados. #atoronperigon
Pegamos o ônibus para Auschwitz que era um CACO. Muito me senti um judeu sendo levado para trabalhar lá, e já estava esperando alguém falar no audio alguma coisa do tipo: "Senhoras e senhores, estamos reativando o complexo de Auschwitz e vocês serão todos recepcionados ao chegarem para seu primeiro 'banho' (nas câmaras de gás)". Chegamos na cidade onde ficam os campos de Auschwitz I, Auschwitz II (Birkenau) e Auschwitz III (Monowitz, que ninguém conhece nem visita). Pagamos por um guia e saímos ao passeio.
Falando sério agora. Nossa, aquele lugar é história pura e muitíssimo interessante. Tudo muito bem conservado e realmente planejado para chocar quem passar por lá. Fotos dos prisioneiros, pilhas de sapatos, pertences pessoais e até cabelo humano. Tudo em quantidade enorme para se ter uma noção do horror que aconteceu. Pra mim, a pior parte foi a prisão dentro do campo, onde as pessoas que cometiam pequenos delitos - como pegar mais comida, tentar fugir - eram presas por dias. Diferentes celas como a cela da fome - onde o detento ficava dias trancado sem comida - a cela da sufocação - onde eles ficavam dias naquele local sem janelas. Alguns morriam asfixiados, afinal eles colocavam quantas pessoas coubessem dentro das celas. E um terceiro tipo, onde, depois de tabalhar por mais de 11 horas, os detentos ficavam entre 4 ou mais, numa cela sem janelas de no máximo UM METRO QUADRADO, cujo acesso se dava por uma portinhola de 50cm de altura. Tinham de passar a noite em pé. Um absurdo, um horror. É possível ver arranhões nas portas na parte de dentro.
Todos os tipos de sofrimentos, torturas e meios de assassinato aconteciam lá. Câmaras de gás, cremação, fuzilamento, fome, doenças, cansaço extremo, trabalho duro, inverno congelante, falta de aquecimento, conforto, enfim.
Conhecemos o campo de Auschwitz I, que é onde tem a placa aquela "Arbeit macht Frei" (o trabalho traz a liberdade) e também o campo de Birkenau, Auschwitz II - que era muito maior, mas as instalações para os prisioneiros eram muito piores.
Um absurdo inimaginável. Só indo lá para conhecer tudo de perto, vale muito a pena. Voltamos para Cracóvia no fim do dia e ficamos no shopping matando tempo. Partimos para Szczecin lá pelas 19h30min e chegamos aqui no início da manhã, com quentinhos -17oC, mas a sensação era muito pior. O dia hoje foi para limpar o apartamento, nos dividimos em 2 grupos e, essa semana, meu grupo limpou o local, que estava imundo.
Chegaram mais duas chinesas - uma delas é absolutamente louca - e isso aqui tem 11 pessoas morando agora, parece o Big Brother. Pelo menos estamos um pouco melhor acomodados, com colchonetes/sofas-cama e travesseiros. Recebemos visitas o pessoal da AIESEC daqui que trouxeram muita comida boa para a gente! :)
Amanhã começamos a trabalhar, ou não. Estamos aguardando as meninas que estão em reunião para nos darem as direções do que iremos fazer a partir de amanhã. Enfim, saudades.
Capítulo final: Buenos Aires, Argentina
Há um ano
Um comentário:
Auschwitz me lembra a história de um padre.. hahahahah
o que me lembra que eu to com saudades!
só tem noites parecidas com Macondo/Beco por aí?! povinho alternativo
te cuida por aí, bétch!
beijos beijos
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