segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Uma semana depois

(Esse post era pra ser ontem)
Faz uma semana hoje que cheguei. Às vezes parece que foi ontem, às vezes parece que faz um século e que o tempo não passa. Hoje estou especialmente com saudades. :(
Mas, vamos ao que interessa.
Fomos de trem pra Cracóvia, depois de muito desespero pra encontrar o vagão certo. A viagem foi demorada, mais ou menos 10 horas - apesar de serem apenas uns 600 e poucos quilômetros. Chegamos lá e estava MUITO frio. Fomos ao nosso albergue, que era muito bom e quentinho - nosso grupo de 4 brasileiros e 4 chineses ocupou um quarto inteiro. :)
Logo saímos do albergue e fomos visitar os ponto turísticos da cidade sob neve e agradáveis -12oC. Visitamos a praça central, algumas igrejas, a catedral principal, o mercado e, por fim, o castelo real - Wawel - que foi sede do governo até o anos de 1500 e pouco, quando Cracóvia era a capital. O castelo é imenso e visitamos algumas salas e salões.
Antes de voltar ao albergue, eu, o Luis (Lee - chinês) e a Elba (chinesa) fomos ao McDonalds. Graças a super habilidade do Lee de navegação, nós nos perdemos. Depois de algumas mímicas, encontramos o local. Comemos e voltamos ao albergue.
À noite, fomos numa boate - Kitsch. Como bom designer, eu deveria ter previsto como seria o recinto: alternativo, para não dizer brega. Fomos só os brasileiros e, VIPs que somos, entramos de graça (tá, chegamos lá em cima e não sabíamos que os ingressos eram vendidos embaixo, nos fizemos de turistas desentendidos e o segurança deixou a gente passar). O lugar era, pra quem conhece, muito parecido com o Macondo/Beco e tinha até um poste para dançar (pole dancing). Absolutamente todo mundo dançava da maneira mais ridícula do universo, agarrado naquele pau ou não e as músicas eram bem ecléticas, velhas e novas. Desde Celebration da Madonna até Shalala do Vengaboys e Boys da Sabrina. Deu pra se divertir.
Não voltamos muito tarde, pois queríamos acordar cedo no outro dia (-20 graus e eu de camisetinha e casaquinho caminhando na rua, delícia). Quando chegamos no albergue, encontramos uns portugueses e ficamos conversando um pouco.
Nosso segundo dia em Cracóvia começou cedo. Acordarmos 7h para irmos para a estação de ônibus e chegar à Auschwitz. Pra variar, estavamos congelando e não encontramos lugar para comprar tickets de trem. Então pensamos "Sábado de manhã, não vai ter fiscal." e entramos no trem sem ticket. Eis que, 5 minutos depois aparece um fiscal pedindo o nosso bilhete. Oi? Oh fuck. Descemos do trem, nós 8, e o guarda disse que teríamos que pagar 100 zl, CADA, de multa. Jura, né. A gente tentou trovar ao máximo dizendo que não sabíamos onde comprar tickets, que não eramos de lá, que estavamos indo embora e que eramos estudantes falidos. Conseguimos reduzir a multa para 50 zl, cada. Pelo menos não fomos presos nem deportados. #atoronperigon
Pegamos o ônibus para Auschwitz que era um CACO. Muito me senti um judeu sendo levado para trabalhar lá, e já estava esperando alguém falar no audio alguma coisa do tipo: "Senhoras e senhores, estamos reativando o complexo de Auschwitz e vocês serão todos recepcionados ao chegarem para seu primeiro 'banho' (nas câmaras de gás)". Chegamos na cidade onde ficam os campos de Auschwitz I, Auschwitz II (Birkenau) e Auschwitz III (Monowitz, que ninguém conhece nem visita). Pagamos por um guia e saímos ao passeio.
Falando sério agora. Nossa, aquele lugar é história pura e muitíssimo interessante. Tudo muito bem conservado e realmente planejado para chocar quem passar por lá. Fotos dos prisioneiros, pilhas de sapatos, pertences pessoais e até cabelo humano. Tudo em quantidade enorme para se ter uma noção do horror que aconteceu. Pra mim, a pior parte foi a prisão dentro do campo, onde as pessoas que cometiam pequenos delitos - como pegar mais comida, tentar fugir - eram presas por dias. Diferentes celas como a cela da fome - onde o detento ficava dias trancado sem comida - a cela da sufocação - onde eles ficavam dias naquele local sem janelas. Alguns morriam asfixiados, afinal eles colocavam quantas pessoas coubessem dentro das celas. E um terceiro tipo, onde, depois de tabalhar por mais de 11 horas, os detentos ficavam entre 4 ou mais, numa cela sem janelas de no máximo UM METRO QUADRADO, cujo acesso se dava por uma portinhola de 50cm de altura. Tinham de passar a noite em pé. Um absurdo, um horror. É possível ver arranhões nas portas na parte de dentro.
Todos os tipos de sofrimentos, torturas e meios de assassinato aconteciam lá. Câmaras de gás, cremação, fuzilamento, fome, doenças, cansaço extremo, trabalho duro, inverno congelante, falta de aquecimento, conforto, enfim.
Conhecemos o campo de Auschwitz I, que é onde tem a placa aquela "Arbeit macht Frei" (o trabalho traz a liberdade) e também o campo de Birkenau, Auschwitz II - que era muito maior, mas as instalações para os prisioneiros eram muito piores.
Um absurdo inimaginável. Só indo lá para conhecer tudo de perto, vale muito a pena. Voltamos para Cracóvia no fim do dia e ficamos no shopping matando tempo. Partimos para Szczecin lá pelas 19h30min e chegamos aqui no início da manhã, com quentinhos -17oC, mas a sensação era muito pior. O dia hoje foi para limpar o apartamento, nos dividimos em 2 grupos e, essa semana, meu grupo limpou o local, que estava imundo.
Chegaram mais duas chinesas - uma delas é absolutamente louca - e isso aqui tem 11 pessoas morando agora, parece o Big Brother. Pelo menos estamos um pouco melhor acomodados, com colchonetes/sofas-cama e travesseiros. Recebemos visitas o pessoal da AIESEC daqui que trouxeram muita comida boa para a gente! :)
Amanhã começamos a trabalhar, ou não. Estamos aguardando as meninas que estão em reunião para nos darem as direções do que iremos fazer a partir de amanhã. Enfim, saudades.

Um comentário:

Unknown disse...

Auschwitz me lembra a história de um padre.. hahahahah
o que me lembra que eu to com saudades!

só tem noites parecidas com Macondo/Beco por aí?! povinho alternativo

te cuida por aí, bétch!
beijos beijos